A acne vulgar (nome dado a espinhas e cravos) é uma doença de pele extremamente comum que chega a afetar quase 70% dos adolescentes e jovens adultos, causada pela bactéria Propionibacterium acnes (presente na microbiota normal da pele) e classificada como uma afecção crônica, multifatorial e universal que geralmente surge na adolescência podendo estender-se à vida adulta, acomete tanto homens como mulheres. Grande parte da população não a considera uma doença, pois não causa malefícios à saúde, porém seu controle é recomendável para preservar a saúde da pele e prevenir cicatrizes tão difíceis de corrigir na idade adulta.
Apesar de ser considerada de ocorrência natural, sua presença provoca comprometimento estético, o que pode afetar a autoestima das pessoas, principal razão pela qual ocorre a procura pelos médicos dermatologistas. Dentre as classes de medicamentos que são usados no tratamento das acnes estão os antibióticos que podem ocasionar reações adversas, tornando o tratamento desagradável, além da existência de uma possível resistência bacteriana. Por esta razão, a procura por alternativas naturais tem crescido nos últimos tempos e a própolis tornou-se alvo de várias pesquisas e estudos visando a sua utilização contra as acnes.
A própolis é uma substância natural, produzida por abelhas, através da coleta de ramos, flores, brotos e exsudatos de plantas que, acrescido de secreções salivares e cera dão origem à própolis. Esse produto natural é usado por esses insetos como agente esterilizante, em vedação das paredes, proteção, além de ajudar na termorregulação da colmeia. Ela possui efeitos antimicrobianos amplamente estudados e comprovados, sendo chamada em várias publicações de “antibiótico natural” já que possui ação antibacteriana, antifúngica e antiviral. Sua composição química é complexa e depende da flora de cada região visitada, sendo composta por centenas de substâncias químicas as funções terapêuticas ocorre através dos sinergismos entre elas. Como já mencionado a acne é causada por uma bactéria que está envolvida na resposta inflamatória dessa dermatose, logo o efeito dessa resina contra a acne é devido a sua ação anti-inflamatória e antibacteriana. Pesquisas em laboratório (in vitro) concluíram que o extrato de própolis é eficaz para o tratamento da acne, pois apresentou atividade antibacteriana em várias concentrações (10%,5%,2,5%,1,25% e 0,625%) contra a bactéria Propionibacterium acnes.
O que explica a inibição de crescimento do micro-organismo é o complexo mecanismo de ação proveniente dos compostos presentes na própolis, que é constituída dos óleos essenciais das plantas visitadas na região em que a colmeia se encontra e de onde as abelhas melíferas coletaram as resinas. O ácido caféico, o éster fenetílico do ácido caféico (CAPE) e os flavonoides são os principais responsáveis pelo poder antibiótico dessa resina. Outra ação desse produto natural, que pode ser usado a favor do tratamento da acne, é seu efeito cicatrizante que, juntamente com a ação anti-inflamatória, é bastante aprazível no curso do tratamento da acne. Devido a esses resultados promissores, a indústria cosmética tem investido na utilização da própolis no tratamento da acne, principalmente em cosmecêuticos, sendo a concentração usual do extrato de própolis nas formulações de até 4%.
Enfim, as pesquisas já realizadas mostraram o grande potencial do uso da própolis como agente preventivo e curativo no tratamento da acne, o que possibilita o desenvolvimento de muitos produtos como, por exemplo, formulações cosméticas voltadas para essa doença.
Referências:
1. Barbosa, V et al. Avaliação da atividade antibacteriana do óleo essencial de Rosmarinus officinalis L. e tintura de própolis frente à bactéria causadora da acne Propionibacterium acnes. Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.16, n.2, p.169-173, 2014.
2. Matsuchita, H; Matsuchita, A. Uso da própolis na prevenção e tratamento da acne vulgar. UNICIÊNCIAS, v. 18, n. 1, p. 19-23, Jun. 2014
3. Zucheto, G. et al. Acne e seus tratamentos: uma revisão bibliográfica. Educação e Ciência na era digital.SEPE:XV Simpósio de ensino, pesquisa e extensão. Outubro/2011.
4. Neto, E. et al. Abordagem terapêutica da acne na clínica farmacêutica. Boletim Informativo Geum • Informative Geum Bulletin.Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas – Universidade Federal do Piauí.http://www.ojs.ufpi.br/index.php/geum/
5.Sociedade Brasileira de Dermatologia. Acne: o que é? Reportagem disponível em.: <http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/acne/23/>
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